segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

As Vantagens de Ser Invisível: Geração adolescentes-independentes

Escrito e dirigido por Stephen Chbosky, baseado em seu próprio livro de 1999, “As Vantagens de Ser Invisível” chegou para se tornar uma das melhores produções cinematográficas de 2012. Mesmo possuindo um texto extremamente satisfatório como material fonte, a obra cinematográfica poderia recair, facilmente nas armadilhas que tornam o subgênero de filmes adolescentes-independentes com teor dramático/romântico.

Ter Chbosky no comando da adaptação mantém a força do material original. Ninguém entende e se preocupa com os personagens mais que seu autor, afinal - e ele valoriza cada momento de tela de todos eles. A primeira aparição de Sam, por exemplo, é memorável e Emma Watson esvazia em segundos qualquer resíduo de sua atuação como Hermione que possa teimar em permanecer na mente, depois de 10 anos vendo-a no papel da bruxinha. Ela está adorável e sabe trabalhar toda a complicada bagagem da personagem.

A trama fala sobre um rapaz problemático e introvertido chamado Charlie (papel de Logan Lerman, ótimo aqui), que tenta fazer amigos e ser aceito nos primeiros dias de aula do segundo grau. Sua vida de isolamento muda radicalmente quando ele decide fazer amizade com Patrick (Ezra Miller), que lhe apresenta um novo mundo de amigos descolados. Entre eles, Sam (Emma Watson), por quem o protagonista começa a desenvolver grande afeto. Falando assim, “As Vantagens de Ser Invisível” soa como um filme adolescente raso qualquer, e isso seria uma injustiça. A verdade é que nas entrelinhas é onde a obra ganha seus grandes contornos. Stephen Chbosky, o diretor, consegue imprimir grande sentimentalismo e drama ao filme, sem nunca exceder sua aceitação. Até o mais cético crítico deverá se emocionar aqui. Tudo é realizado com extremo bom gosto.



Os elogios ao criador são merecidos. Igualmente, precisamos dar crédito e reconhecimento aos outros chamarizes aqui, o trio protagonista: Logan Lerman, Ezra Miller e Emma Watson. Lerman, que foi o D´Artagnan da versão de “Os Três Mosqueteiros” de Paul W. S. Anderson, tem a chance pela primeira vez na carreira de demonstrar que é um tremendo ator. Já Ezra Miller, o assustador personagem título de “Precisamos falar sobre o Kevin” (um dos filmes mais impactantes do ano passado), demonstra todo o alcance de sua atuação ao entregar o carismático Patrick, um personagem leve, totalmente diferente de seu desempenho no perturbador projeto citado. Miller e Lerman são dois ótimos jovens atores cujas carreiras devem deslanchar certamente muito em breve.

O cineasta também esta muito à vontande com relação à música. (Sem dúvida, aqui fala um fã dessas canções e trilha maravilhosa). As canções do filme estabelecem identidade aos personagens e abusa de referências dos anos 80 e início dos 90. Ouvem-se Pavement, New Order, L7, Cocteau Twins, Sonic Youth, The Smiths... que são colocadas ao lado da clássica, "Heroes" (77), de David Bowie, que soa como o hino do filme. A música toca em dois momentos importantes e serve para demonstrar a sensação, hoje quase perdida, da descoberta sonora (ou qualquer outra). Afinal, eram os anos 90, quando se você ouvisse uma música e não soubesse seu nome, não adiantava cantarolá-la, você tinha que trabalhar pelos seus gostos e seu desenvolvimento cultural.



As Vantagens de ser Invisível” é um desses filmes que torcemos para serem lembrados e elogiados por sua qualidade. Com sua trama centrada no início da década de noventa, a obra faz uso de uma das melhores trilhas sonoras do ano (que marcam o compasso da produção), e embora tenha mais esperteza e criatividade em seus diálogos e interações do que saibamos poder existir na vida real, existe honestidade suficiente aqui para fincar o filme em nosso mundo. O filme termina uma sensível história de amizade, descobertas e amor idílico que faz pensar. A frase "Nós aceitamos o amor que pensamos merecer", um dos motes do filme, sozinha, rende algumas boas reflexões. A vibração pelas descobertas, a expectativa pelo próximo "mistério", é igualmente emocionante. 

2 comentários:

  1. depois disso não posso prolongar mais, tenho quer ver esse filme kkkk

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  2. é uma delícia de filme, e com entrou com louvor no meu top 5 de 2013.
    tem um roteiro muito bem desenvolvido e o trio principal dá um show de interpretação: nenhum vestígio de seus personagens caricatos passados.

    Caio, apresse logo ! :D

    abraços

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